sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Preguiça Esporte Clube

Ahhhhh... A preguiça! Amo-a e odeio-a. Muitas vezes fico numa luta voraz contra ela, mas acabo roubando no jogo e deixando que ela ganhe.

O tempo todo ouvimos que precisamos aproveitar a vida, aproveitar o tempo, nos movimentar, viajar, aprender novas línguas, fazer cursos, praticar esportes, ler, assistir filmes, conhecer pessoas, pontos turísticos, tomar um solzinho, entrar em contato com a natureza, cuidar  da nossa beleza, e etc, etc, etc. Eu, particularmente, acho isso tudo muito legal. De verdade. Mas cansei só de escrever essa "mini lista".

Alguma vez você já parou na vitrine de uma sorveteria que oferecia quinhentos tipos de sorvete diferentes e, depois de muito pensar, acabou pedindo o de chocolate? Pois é, a preguiça nos faz tomar esse tipo de decisão.

Parece triste pensar em quantas oportunidades você perdeu. Afinal, você deixou de experimentar 499 sabores exclusivos. Por outro lado, aquela sorveteria pode ter um sorvete de chocolate delicioso e que vai te deixar muito mais satisfeito do que um de limão siciliano com toque de cereja e flocos de maçã desidratada. (Que, aliás, pode ser que seja horrível!)

Claro que há dois tipos de preguiça: a de optar pela inércia, continuando sentada ao invés de levantar; e a de fazer o que já está fazendo, que faz com que você faça de qualquer jeito pra terminar logo. Que fique claro que esse texto é sobre o primeiro tipo.

A preguiça carrega esse "estigma" de coisa ruim. Afinal, é um dos sete pecados capitais. E admito que me sinto culpada quando acabam minha férias e eu não fiz NADA. Vem aquela sensação de tempo perdido e de que agora, de volta ao trabalho, não vou poder fazer mais todas as coisas que poderia ter feito mas não fiz.

Agora, pense comigo... Uma das coisas que eu não vou poder fazer é NADA. Porque esse nada é recheado de coisas. Acordar às duas da tarde, tomar café da manhã com sanduíche de Nutella sentada no sofá beeem devagar. Quando estou trabalhando sempre acordo encima da hora e nem café preto dá tempo de tomar na maioria dos dias. Ficar descobrindo programas de TV que eu gosto, assistir vários episódios seguidos das séries que eu baixei, jogar videogame (no meu caso, na verdade, é ficar apertando botões frenéticamente), escrever nesse blog, pensar em uma coisa de cada vez. (Sempre tenho a sensação de estar mentalmente fazendo quinhentas coisas ao mesmo tempo quando volta a correria.)

Passar o dia de pijama no sofá com meus gatos, com a TV ligada, conversando com meus amigos pela internet e lendo bobeiras na internet pode parecer uma enorme perda de tempo. Mas, é o que estou com vontade de fazer agora. E talvez aproveitar seu tempo seja sobre fazer o que você QUER fazer naquele momento.

Se "movimentar" nesse contexto parece cada vez mais com um daqueles ideais de beleza absurdos que a mídia, a moda, ou o que quer que possamos culpar acabam impondo. Não há porque viver infeliz porque você não entra numa calça manquim 36. Assim como achar que aquela amiga sua que corre 20km todos os fins de semana e nas férias foi fazer trilha submarina (se é que isso existe!) é um modelo a ser seguido. Você se sente bem dando uma voltinha com seu cachorro no fim de semana, ótimo! Você gosta de se enfiar no sofá e assistir os a sequencia de "O Poderoso Chefão"? Ótimo TAMBÉM! Não deixe de aproveitar esses momentos de preguiça, eles podem fazer um bem danado pra quem não pára.

E viva a preguiça! Por um mundo com mais gente preguiçosa, descansada, feliz e sem culpa por não estar fazendo mil atividades num comercial de isotônico!
Eu e Ruby no sofá.

Um comentário:

Leandro Gonçalves disse...

"A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, nunca teria inventado a roda. Não teria viajado pelo mundo".
Mário Quintana, em "Da Preguiça como Método de Trabalho".